17/9/2024      10:19:11

 

 

Condomínios, mudanças climáticas, crise hídrica e sustentabilidade

Por: da Redação

 

Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado uma das maiores crises hídricas de sua história. Com reservatórios em níveis críticos, chuvas cada vez mais escassas e populações em crescimento, o consumo desenfreado de água tem se tornado um problema que afeta a todos. Nesse cenário, os condomínios, que geralmente concentram uma quantidade significativa de pessoas, desempenham um papel crucial na adoção de medidas sustentáveis e eficazes para a preservação de recursos hídricos.

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O agravamento da crise hídrica não é um fenômeno isolado do Brasil. Trata-se de uma questão global, com implicações diretas em diversas esferas da sociedade. A Organização das Nações Unidas (ONU) já alerta que, até 2050, a demanda por água potável será 30% maior do que a oferta, o que poderá agravar ainda mais os conflitos por recursos. Os condomínios, como pequenos ecossistemas urbanos, têm uma oportunidade de ouro para se tornarem protagonistas na gestão hídrica consciente e sustentável.

 

O Papel Crucial dos Condomínios na crise hídrica

 

Os condomínios residenciais são responsáveis por uma parcela significativa do consumo de água nas cidades, não apenas pelo número de moradores, mas também por atividades que envolvem limpeza de áreas comuns, manutenção de jardins, entre outras. Pesquisa da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), recentemente privatizada, indicou que em média 30% da água consumida nos condomínios poderiam ser poupados com uma gestão mais eficiente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Para o advogado Felipe Faustino, que atua em Direito Condominial, "os síndicos e administradores de condomínios precisam entender que, além de uma responsabilidade ambiental, a gestão consciente da água também gera economia para o condomínio, evitando multas e aumentos tarifários desnecessários. É fundamental que os gestores estejam atualizados quanto às soluções tecnológicas e sustentáveis disponíveis."

 

Medidas Sustentáveis para reduzir o consumo

 

Existem diversas práticas e soluções que podem ser implementadas nos condomínios para reduzir o desperdício e otimizar o uso de recursos hídricos. Abaixo, o advogado sugere:

 

Reaproveitamento de água da chuva

 

Um dos métodos mais eficazes para preservar a água potável é o reaproveitamento da água da chuva. Esta técnica permite que a água coletada de telhados e superfícies seja utilizada para atividades como a irrigação de jardins, limpeza de áreas comuns e até para o abastecimento de vasos sanitários. A instalação de cisternas e sistemas de filtragem de água da chuva é uma solução, que tem mostrado ótimos resultados em diversos condomínios.

 

“É importante que o síndico consulte o regimento interno do condomínio e as normas de segurança para a implementação de sistemas de captação de água da chuva. Com um projeto bem estruturado e legalmente embasado, os moradores podem economizar significativamente sem afetar o bem-estar coletivo,” defendeu Faustino

 

Uso de hidrômetros individuais

 

A instalação do equipamento individual tem sido incentivada nos condomínios. O sistema permite que cada morador seja cobrado pelo volume de água que efetivamente consome, promovendo uma cultura de conscientização. Quando o pagamento é rateado de forma coletiva, muitas vezes os moradores não têm incentivo para economizar, o que contribui para o desperdício.

 

Diversos estados brasileiros já possuem legislação que regulamenta a individualização dos hidrômetros, sendo um excelente ponto de partida para o síndico propor essa medida em assembleia. "A individualização da conta de água é uma prática que vem crescendo, pois traz um senso de responsabilidade maior. Além disso, é uma maneira justa de cobrar os moradores. As implementações, no entanto, devem ser discutidas em assembleia e aprovadas pela maioria, sempre em conformidade com as normas técnicas". Orientou o advogado.

 

Sistemas de irrigação

 

Manter as áreas verdes é um desafio, especialmente, durante períodos de seca. No entanto, para o advogado, sistemas de irrigação automatizados e inteligentes são uma solução sustentável. “Eles controlam o tempo e a quantidade de água liberada, ajustando-se automaticamente conforme o clima e as condições do solo. Essa tecnologia reduz significativamente o desperdício de água e mantém os jardins saudáveis”, afirmou Faustino.

 

O advogado acredita que o uso de plantas nativas e adaptadas ao clima da região também ajuda a reduzir o consumo de água. “Além disso, é possível optar por plantas que necessitam de pouca irrigação, como espécies suculentas e xerófitas, que são resistentes a períodos de seca”, sugeriu.

 

Educação e conscientização dos moradores

 

Não há gestão sustentável que funcione sem o envolvimento dos moradores. A educação e conscientização de todos os condôminos e inquilinos é essencial para que o uso racional da água seja uma prática constante. O síndico pode realizar campanhas educativas, como distribuição de cartilhas, envio de comunicados e realização de palestras, explicando a importância da economia de água e as medidas que estão sendo adotadas no condomínio.

 

Campanhas de conscientização, como o uso adequado de torneiras, chuveiros e a redução no tempo de banho, podem fazer toda a diferença. Além disso, os moradores devem ser estimulados a reportar vazamentos, contribuindo para a manutenção preventiva do condomínio.

 

Impacto financeiro e sustentável

 

Na avaliação de Faustino, a adoção dessas medidas não apenas contribui para a sustentabilidade ambiental, mas também pode ter um impacto financeiro muito positivo para os condôminos.

 

O custo da água vem aumentando significativamente em várias cidades do Brasil, especialmente, naqueles Estados que optaram por privatizar o seu fornecimento, além das multas impostas durante as crises hídricas. Reduzir o consumo de água significa uma redução direta nas despesas mensais, além de evitar sanções ou acréscimos na conta de água.